quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Brasil em discussão

Mais de 320 empresários das principais corporações do país, responsáveis pela geração de aproximadamente 45% das riquezas nacionais, além de expoentes políticos das esferas federal, estadual e municipal estiveram reunidos em Comandatuba, na Bahia, durante o feriado prolongado de 1º de maio para discutir "O Brasil que nós queremos". Este foi o tema da 11ª edição do Fórum de Comandatuba, realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e considerado o maior encontro empresarial do Brasil. O papel transformador da Educação e a necessidade de reformas tributárias que favoreçam os setores produtivos foram os principais assuntos da pauta. Presente à abertura do seminário, o vice-presidente da República, Michel Temer, lembrou que o Brasil conseguiu ampliar a classe média em 54%, com o ingresso de mais de 45 milhões de pessoas nos últimos anos, alcançando agora 104 milhões de brasileiros e promovendo um crescimento visível do país.
"Tirar as pessoas da pobreza e levá-las para a classe média tem um sentido desenvolvimentista e não assistencialista porque estas pessoas vão consumir, movimentar economia e ajudar no desenvolvimento do país" afirmou. O vice-presidente lembrou que ainda existem 16 milhões de pessoas na extrema pobreza e que também é preciso elevá-los à classe C. "O país que queremos é o que vai na linha do país que temos hoje", completou.
Temer assinalou a diferença entre o Brasil formal previsto pelas diversas constituições da história republicana e o país real, vivenciado no cotidiano do povo. Esse distanciamento, causador de muitas crises e rupturas, só seria atenuado pela Constituição Federal de 1988, a primeira a unir princípios sociais e liberais, com a valorização do trabalho e da livre iniciativa privada.
O economista Paulo Rabello de Castro apresentou aos presentes a Agenda para o Avanço Acelerado do Brasil, propostas do Lide para alçar a economia brasileira a novos patamares até 2022. Segundo o estudo, se a economia não passar por mudanças, a baixa produtividade custará R$ 1,3 trilhão em 2022. De acordo com Rabello de Castro são necessários realinhamentos em cinco pontos: aumento da eficiência no setor público, transformação de juros em infraestrutura local, eficiência fiscal e competitiva, socialização da riqueza nacional e o tripé "Educação, inovação e sustentabilidade".
Segundo o economista, se essas mudanças forem implementadas, o Brasil poderá ter um crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) em 75%, com as riquezas passando dos atuais R$ 4,1 trilhões para R$ 7,2 trilhões em 2022. Da mesma forma, a renda per capita mais que dobraria, passando de R$ 21,4 mil para R$ 33,2 mil, crescimento de 55%. O montante para investimentos teria um acréscimo de R$ 1 trilhão, chegando a R$ 1,8 trilhão.
Para Paulo Rabello, o consumo interno brasileiro está pronto para atender a meta de o país crescer 5% ao ano, mas a produção não acompanha esse movimento, necessitando de amplas medidas de estimulo à competitividade.
Falando sobre "Educação pública de qualidade", o ministro da Educação Aloizio Mercadante defendeu que se o Brasil não investir em Educação, inovação e tecnologia, será sempre exportador de commodities. "A Educação é exigência indispensável para a cidadania e inovação. Só assim o país poder disputar setores de maior valor agregado". O ministro apresentou os planos do Ministério da Educação para ampliar o acesso e garantir a qualidade do ensino na rede pública. Mercadante disse que "o atraso na Educação é histórico e é o problema estrutural mais complexo para o desenvolvimento do Brasil".
Vitrine
Participando pela segunda vez do Fórum, a governadora Rosalba Ciarlini afirma que o evento é uma oportunidade para interagir com a classe produtora do Brasil e mostrar o potencial do Rio Grande do Norte. "Temos sal, petróleo, gás, muitos minérios, tudo isso, mas precisamos atrair os investidores". Rosalba também falou do evento como ambiente para o debate de propostas para o financiamento dos estados, como a repactuação das dívidas. A proposta é para que os estados paguem metade dos juros das dívidas e outra parcela seja usada obrigatoriamente em investimentos em infraestrutura.
Fonte: Diário de Natal (RN)

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