Mais de 320 empresários das
principais corporações do país, responsáveis pela geração de aproximadamente
45% das riquezas nacionais, além de expoentes políticos das esferas federal,
estadual e municipal estiveram reunidos em Comandatuba, na Bahia, durante o
feriado prolongado de 1º de maio para discutir "O Brasil que nós
queremos". Este foi o tema da 11ª edição do Fórum de Comandatuba,
realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e considerado o maior
encontro empresarial do Brasil. O papel transformador da Educação e a
necessidade de reformas tributárias que favoreçam os setores produtivos foram
os principais assuntos da pauta. Presente à abertura do seminário, o
vice-presidente da República, Michel Temer, lembrou que o Brasil conseguiu
ampliar a classe média em 54%, com o ingresso de mais de 45 milhões de pessoas
nos últimos anos, alcançando agora 104 milhões de brasileiros e promovendo um
crescimento visível do país.
"Tirar as pessoas da pobreza e
levá-las para a classe média tem um sentido desenvolvimentista e não
assistencialista porque estas pessoas vão consumir, movimentar economia e
ajudar no desenvolvimento do país" afirmou. O vice-presidente lembrou que
ainda existem 16 milhões de pessoas na extrema pobreza e que também é preciso
elevá-los à classe C. "O país que queremos é o que vai na linha do país
que temos hoje", completou.
Temer assinalou a diferença entre o
Brasil formal previsto pelas diversas constituições da história republicana e o
país real, vivenciado no cotidiano do povo. Esse distanciamento, causador de
muitas crises e rupturas, só seria atenuado pela Constituição Federal de 1988,
a primeira a unir princípios sociais e liberais, com a valorização do trabalho
e da livre iniciativa privada.
O economista Paulo Rabello de Castro
apresentou aos presentes a Agenda para o Avanço Acelerado do Brasil, propostas
do Lide para alçar a economia brasileira a novos patamares até 2022. Segundo o
estudo, se a economia não passar por mudanças, a baixa produtividade custará R$
1,3 trilhão em 2022. De acordo com Rabello de Castro são necessários
realinhamentos em cinco pontos: aumento da eficiência no setor público,
transformação de juros em infraestrutura local, eficiência fiscal e
competitiva, socialização da riqueza nacional e o tripé "Educação,
inovação e sustentabilidade".
Segundo o economista, se essas
mudanças forem implementadas, o Brasil poderá ter um crescimento do seu Produto
Interno Bruto (PIB) em 75%, com as riquezas passando dos atuais R$ 4,1 trilhões
para R$ 7,2 trilhões em 2022. Da mesma forma, a renda per capita mais que
dobraria, passando de R$ 21,4 mil para R$ 33,2 mil, crescimento de 55%. O
montante para investimentos teria um acréscimo de R$ 1 trilhão, chegando a R$
1,8 trilhão.
Para Paulo Rabello, o consumo interno
brasileiro está pronto para atender a meta de o país crescer 5% ao ano, mas a
produção não acompanha esse movimento, necessitando de amplas medidas de
estimulo à competitividade.
Falando sobre "Educação pública
de qualidade", o ministro da Educação Aloizio Mercadante defendeu que se o
Brasil não investir em Educação, inovação e tecnologia, será sempre exportador
de commodities. "A Educação é exigência indispensável para a cidadania e
inovação. Só assim o país poder disputar setores de maior valor agregado".
O ministro apresentou os planos do Ministério da Educação para ampliar o acesso
e garantir a qualidade do ensino na rede pública. Mercadante disse que "o
atraso na Educação é histórico e é o problema estrutural mais complexo para o
desenvolvimento do Brasil".
Vitrine
Participando pela segunda vez do
Fórum, a governadora Rosalba Ciarlini afirma que o evento é uma oportunidade
para interagir com a classe produtora do Brasil e mostrar o potencial do Rio
Grande do Norte. "Temos sal, petróleo, gás, muitos minérios, tudo isso,
mas precisamos atrair os investidores". Rosalba também falou do evento
como ambiente para o debate de propostas para o financiamento dos estados, como
a repactuação das dívidas. A proposta é para que os estados paguem metade dos
juros das dívidas e outra parcela seja usada obrigatoriamente em investimentos
em infraestrutura.
Fonte: Diário de Natal (RN)
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