Nos últimos anos, a educação no
Brasil vem passando por uma grande melhora. Esse salto qualitativo do ensino se
deu em grande parte devido aos instrumentos criados pelo governo para avaliar a
educação no país. Avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e Prova Brasil serviram
para gerar dados que mostram um panorama do sistema educacional brasileiro. O
balanço permite ao governo criar planos de ação pra incrementar o
desenvolvimento, como ação como o Plano Nacional de Educação (PNE) que
estabelece 20 metas para a educação no país até 2020.
“O PNE é o grande instrumento
balizador da educação para cada dez anos. Estabelece diretrizes e conta com as
necessárias metas e estratégias para nortear a União, os estados e os
municípios em medidas para o desenvolvimento da educação no Brasil”, diz o
conselheiro do Movimento Todos pela Educação, Mozart Ramos. O primeiro PNE, que
vigorou de 2001 a 2010 fracassou, segundo Mozart, devido à falta de previsão
orçamentária: “Foram lançadas 295 ações para mudar a educação sem saber o
quanto seria necessário para realizá-las.”
O PNE atual, enviado ao Congresso
Nacional em dezembro de 2010, é válido até 2020 e tem 20 metas. Para o
conselheiro, a mais adiantada delas é a de número 5, que estabelece alfabetizar
todas as crianças até, no máximo, os 8 anos de idade. “Essa meta parece ser o
carro-chefe do novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.”
A mais atrasada, para Mozart, é a
meta 12, que define 33% de jovens entre 18 e 24 anos matriculados na
universidade. No primeiro PNE, de 2001 até 2010, o percentual de jovens de 18 a
24 anos cursando o ensino superior cresceu apenas dois pontos. “Saiu de 12%
para 14,4%, quando deveria ter alcançado 30%”, explica Mozart. Ele também
afirma que a baixa qualidade dos ensinos fundamental e médio é um dos motivos
para o pequeno número de jovens matriculados em instituições de ensino
superior. “Quando entram na universidade, muitos estão despreparados. Essa meta
do ensino superior só será alcançada se houver uma melhora significativa na
educação básica.”
Um dos grandes desafios para o cumprimento do atual Plano
Nacional de Educação é a falta de investimento, na opinião de Mozart. “O poder
executivo estabelece 7,5% do PIB destinado à educação como suficiente. A
sociedade, através de movimentos como o Todos pela Educação, defende 10% do PIB
para educação”, diz ele.
Ideb: avaliação que gera indicadores da educação brasileira
O Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb), que avalia a educação básica no país, também consta do
PNE. Até 2020, a média nacional para o índice terá que chegar a 6. Criado em
2007 para medir qualitativamente escolas redes de ensino, o indicador é
calculado com base em taxas de aprovação e no desempenho do estudante em
avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep).
O Ideb de uma escola varia de acordo com o aprendizado, as notas e a
assiduidade dos alunos.
Para Mozart, o Ideb é um índice muito
relevante. “Vejo como um instrumento muito criativo e positivo, que junta o
fluxo e a aprendizagem. É simples e estabelece metas para o desenvolvimento do
ensino básico no país.” Mas para ele, a avaliação também tem suas limitações,
principalmente por não levar em conta as especificidades socioeconômicas dos
alunos. “O Brasil é um país muito desigual e o Ideb deixa uma lacuna na questão
social. Não consegue equidade, já que não leva em consideração o histórico
socioeconômico dos alunos. Mas, de toda forma, deve ser mantido e aprimorado.”,
diz o Conselheiro.
A partir dos indicadores do Ideb, os
sistemas de ensino têm metas de qualidade para atingir. A média nacional em
2005 foi 3,8 nos primeiros anos do ensino fundamental. Em 2007, essa nota subiu
para 4,2. O objetivo para 2020 é chegar à média 6 para a educação básica,
índice de países desenvolvidos.
Através da demonstração dos dados obtidos, novas formas de
gestão pública foram adotadas. Mozart afirma que: “O Ideb mudou a forma como
gestores veem a educação, mudou a cultura de gestão educacional. Depois dos
indicadores, prefeitos, diretores e professores passaram a adotar novas metas e
métricas para garantir o aumento da qualidade da educação. Um exemplo disso é o
Plano de Ações Articuladas (PAR), instrumento que estabelece ações estratégicas
para incrementar o nível da educação.
PISA - Avaliação internacional
Criado em 2000, o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), assim como o Ideb, também
indica o panorama da educação brasileira. Coordenado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o PISA compara o desempenho de jovens
de 15 anos em 65 países, para produzir indicadores sobre a qualidade dos
sistemas de educação internacionais. No último PISA, realizado em 2009, o
Brasil ficou com o 53º lugar.
Para a conselheira do Conselho
Nacional de Educação, Clélia Brandão, o PISA é um sistema de avaliação
internacional muito relevante. “Coloca o Brasil num quadro internacional
comparativo. Permite-nos ver como a educação brasileira avança frente à
educação de outros países.”, diz ela.
Clélia defende que apesar de sua
relevância, o PISA não pode ser priorizado como indicador. A conselheira afirma
que “O PISA não considera o contexto de cada país. As diferentes condições de
trabalho do professor, os diferentes salários. A avaliação estabelece uma idade
comum para a realização do exame, mas não leva em conta as especificidades do
nosso ambiente educacional.”
As análises do PISA são realizadas a
cada três anos e os resultados são divulgados no ano seguinte. Ou seja, em 2012
uma nova avaliação será feita e em 2013 será possível conhecer o lugar que o
Brasil ocupa atualmente no ranking internacional.
Fonte: Globo.com
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