Brasil é a sexta potência econômica
mundial, mas ainda ocupa o 88º lugar em educação. Dados da Unesco revelam que
temos 30 milhões de analfabetos funcionais e 14,1% milhões de analfabetos.
Apenas um em quatro brasileiros de 15 a 64 anos é considerado plenamente
alfabetizado. A situação é pior no ensino fundamental e médio, com altíssimo
índice de evasão. greves atuais de professores do ensino fundamental e médio
pelo país afora revelam essa precariedade. Os professores estão insatisfeitos
com salários e más condições de ensino.
O Brasil investe R$ 1,9 mil por ano
em cada estudante do ensino básico e R$ 13 mil no ensino superior. Dos 5,8 % do
PIB aplicados na educação, a maior parte fica com o ensino superior. O programa
Ciência sem Fronteiras visa expandir e internacionalizar o ensino superior. A
Capes e o CNPq assinaram um pré-acordo com a Hyundai para patrocinar bolsistas
privilegiando a área de tecnologia. Segundo o ministro da educação, Aloizio
Mercadante, a Coreia tornou-se uma potência com investimentos na educação e na
inovação tecnológica; 82% dos coreanos têm curso superior; e a elite deles
torna-se professor. No Brasil, graduados não querem ser professor por que são
mal pagos e desvalorizados.
A revolução pela educação no Brasil
não deveria começar no ensino básico e na formação de qualidade dos
professores? É extremamente preocupante ter quase 30% dos docentes na educação
infantil e fundamental e 5,9% no ensino médio sem formação superior, segundo
dados do Censo escolar 2011. É necessário ensino superior e licenciatura de
qualidade para todos os professores. A revolução pela educação se dará quando
houver qualificação, valorização e boa remuneração para o educador. António
Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa e especialista em formação de docentes,
afirma que superar a separação entre a universidade e o ensino básico é um dos
grandes problemas do século 21 na educação. Os cursos de licenciatura precisam
ser mais bem qualificados e que professores renomados sejam os protagonistas
dessa grande construção de saberes. Ocorre que ainda hoje professores
iniciantes ou com pouca titulação é que ensinam nas licenciaturas – cursos que
formam educadores para todas as áreas do conhecimento. É importante valorizar
também nas universidades os cursos de pedagogia.
É fundamental que o professor seja
qualificado, tenha orgulho do seu trabalho e do salário que recebe. É
necessário implantar políticas de incentivo ao compromisso e criatividade dos
professores, premiar bons e talentosos professores, que investem na educação de
qualidade. Inacreditavelmente os professores ainda lutam pela aplicação do
atual piso nacional do educador aprovado em 2008, no valor de R$ 1.451. Segundo
a Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação, cerca de cinco estados
ainda não pagam integralmente esse valor. As disparidades salariais no Brasil
são gritantes e merecem urgentes políticas de igualdade de salário para o mesmo
nível de graduação.
Nas universidades públicas, os salários
são um pouco melhores, apesar da alta qualificação exigida. Um professor,
dependendo da titulação, começa ganhando de R$ 1.993,04 a R$ 7.333,67. Mas,
enquanto isso, alguns profissionais privilegiados, apenas graduados, começam
ganhando R$ 14.970,60. Funcionário de ensino médio pode receber até R$ 3 mil. A
folha de pagamento do tribunal estadual mais caro do país vai custar R$ 1,4
bilhão aos cofres públicos este ano. Por que um professor vale tão pouco no
Brasil?
Educação para o crescimento econômico
e tecnológico, sim, mas é fundamental que a educação seja também para a
melhoria da vida dos cidadãos. Uma educação de qualidade que tenha impacto na
redução de violências. O indivíduo alfabetizado é um cidadão sábio, crítico, e
se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da nação, com menos criminalidade e maior
qualidade da vida. É essa importante cadeia qualitativa que diferencia também
uma grande nação. Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela
Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa US$
30 bilhões por ano. Quanto custa no Brasil essa falta de civilidade? Com
certeza, uma educação de qualidade para todos e em todos os níveis da
escolarização é garantia de um bom Índice de Desenvolvimento Humano e de
civilidade.
Vivina do C.
Rios Balbino, psicóloga e professora, in: O Estado de Minas (MG)
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