Nove em cada 10 estudantes da rede
pública, no Espírito Santo, estão saindo do ensino médio sem saber os conteúdos
essenciais de Biologia, Química e Física. Em Matemática, a deficiência de
aprendizado alcança 82% dos alunos. Já em Português – a melhor situação – 71%
deixam a última etapa da Educação básica sem saber, por exemplo, localizar
informações em textos grandes e com vocabulário mais complexo.
Esses dados correspondem ao total de estudantes do 3º ano
do ensino médio da rede estadual que tiveram desempenho básico ou abaixo do
básico na última edição do Programa de Avaliação da Educação Básica do Estado
(Paebes), em 2011. Pelos parâmetros da prova, o ideal seria que eles
alcançassem, pelo menos, o desempenho proficiente, considerado adequado para a
série, numa escala que considera, também, o nível avançado.
Fundamental
No ensino fundamental, a situação é
um pouco melhor. Em Português, por exemplo, cerca de 43% dos alunos do 5º ano
das redes estadual e municipal tiveram desempenho proficiente ou avançado. Mas
a rede particular está muito à frente: 77,6% tiveram o desempenho esperado para
a série, sendo que quase 40% desses alunos conseguiram alcançar o nível
avançado.
A pior situação, nessa etapa, é a dos
alunos do 9º ano. Em Matemática, só 11,5% tiveram desempenho proficiente ou
avançado. Em Português, foram 22,3% com desempenho proficiente ou avançado. Nas
Escolas particulares, os percentuais são, respectivamente, 58% e 63,3%.
Ao todo, participaram das provas,
nessas séries, mais de 47 mil alunos da rede estadual, cerca de 50 mil da rede
municipal e pouco mais de 2,2 mil alunos da rede privada.
Alunos que estão fora da faixa de proficiência não sabem,
por exemplo, reconhecer pontos de vista diferentes na comparação de dois textos
ou somar e subtrair com números de até quatro algarismos.
Sem melhoras
O presidente da Hoper Consultoria em
Educação, Ryon Braga, afirma que o ensino médio, ao contrário do fundamental,
não tem apresentado melhoras significativas ao longo dos últimos 10 anos, em
todo o país.
"O modo como ele está formatado,
hoje, não prepara o aluno nem para a universidade nem para o mercado de
trabalho. Aprender os conteúdos, que não são poucos, acaba se tornando o fim, e
não o meio", explica Braga.
O membro do Grupo de Avaliação e
Medidas Educacionais da UFMG, Francisco Soares, concorda com a avaliação e
acrescenta: "Não faz sentido o ensino médio ter uma proposta só. Ele
precisa estar aberto à realidade do aluno que quer aprender uma profissão, do
que quer se especializar em uma área de conhecimento, e, também, do que vai
prestar vestibular. Enquanto isso não mudar, os índices também não irão",
garante ele.
Fonte: A Gazeta (ES)
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