terça-feira, 22 de maio de 2012

Homofobia está presente em todas as escolas pesquisadas por ONG

Existe homofobia em todas as 44 escolas pesquisadas, entre 2010 e 2011, pela organização não governamental Instituto Ecos – Comunicação e Sexualidade. A informação foi divulgada há pouco na Câmara pela coordenadora do Projeto Escola Sem Homofobia, Lena Franco. “A percepcão da homofobia é maior entre os alunos do que entre as autoridades e os educadores”, declarou.
Lena, que participa do 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), apresentou depoimentos de estudantes que mostram o preconceito dentro das escolas. Alguns dos relatos apontam a omissão dos professores em caso de discriminação. “Os professores passam um pano grosso para esconder o assunto. Não brigam com o aluno, mas também não ficam do lado do aluno agredido, ficam em cima do muro”, diz um dos alunos.
De acordo com a coordenadora, os depoimentos revelam ainda que as consequências da homofobia para a vítima podem ser depressão, violência e até suicídio. 

Kit
Lena Franco também lembrou o kit sobre homofobia que foi produzido para ser entregue às escolas de todo o País pelo Ministério da Educação, mas teve sua distribuição cancelada. “Esse material foi criado para municiar educadores, trabalhar a homofobia na escola e em seu entorno. Contribuir para alterar concepções e rotinas que alimentam o preconceito na escola”, sustentou.
O seminário, promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação e Cultura, ocorre no Plenário 9. 

Pesquisa mostra relação entre homofobia e mau desempenho escolar
O coordenador-adjunto do Projeto Diversidade Sexual na Escola da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ, Alexandre Bortolini, disse há pouco que escolas onde há maior incidência de práticas homofóbicas tendem a ter piores resultados. Segundo ele, uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), em parceria com o Ministério da Educação, mostrou que há uma relação direta entre a homofobia no ambiente escolar e o resultado na Prova Brasil. “O estudo revelou altos índices de discriminação em todas as escolas, em todas as séries. Isso ia diminuindo à medida que evoluía as séries. Não estamos falando só de algo que tem a ver com relações interpessoais, mas que prejudica o desempenho de todos na escola”, afirmou.
Bortolini ressaltou que não há uma receita pronta para trabalhar a sexualidade e a questão de gênero dentro da escola. Na opinião dele, esses assuntos precisam ser descobertos ao longo do tempo. Ele destacou também que muitos professores acabam reproduzindo no dia a dia escolar práticas preconceituosas.
O coordenador participa neste momento do 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação e Cultura. 

Unesco: mais de 50% dos jovens gays da América do Sul já sofreram bullying
A representante da Unesco, Maria Rebeca Gomes, apresentou há pouco dados de uma consulta sobre bullying homofóbico realizada pela entidade em escolas de 25 países. “O estudo mostra que em todos os países pesquisados, dos cinco continentes, existe essa prática discriminatória e enfrentá-la ainda é um desafio grande. Nos países da América do Sul, por exemplo, mais de 50% dos jovens gays já sofreram bullying, muitos abandonam a escola por causa do preconceito, o que prejudica a qualidade do ensino”, disse.
Maria Rebeca ressaltou a necessidade de orientar os professores para que eles saibam como lidar com o bullying. “A primeira coisa a fazer é reconhecer o problema. Depois, temos de preparar o corpo técnico das escolas, trabalhar isso desde o ensino infantil até à educação superior. É preciso trabalhar com cada faixa etária”, argumentou.
Ela defendeu ainda a distribuição de kits para combater a homofobia nas escolas. “Tivemos um retrocesso com a decisão do governo de não fazer a entrega no ano passado, mas, às vezes, é preciso retroceder para avançarmos. A suspensão da entrega do material trouxe a reflexão, o debate dentro de grupos mais conservadores. O material é de belíssima qualidade e vimos pessoas que não o conhecem discutindo esse material”, afirmou.
Maria Rebeca Gomes participou do 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação e Cultura. O evento já foi encerrado.
Fonte: Agência Câmara

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