As notícias que comparam a aceleração
da economia brasileira e a crise dos países europeus deve ser considerada com
cautela por aqueles que pensam que estamos numa situação privilegiada. Na
verdade, numa economia globalizada não há o que comemorar. A ordem econômica é
sistêmica e contingencial. Temos que agir com respeito e cuidado para não
sofremos, muito em breve, os efeitos diretos daquilo que afeta os vizinhos.
Nosso telhado é de vidro.
O perigo começa quando consideramos a
baixa qualificação profissional da grande maioria da mão de obra brasileira, ao
contrário de muitos estrangeiros que pensam em novas oportunidades de trabalho
no Brasil. Quem não se lembra das ondas de estrangeiros que vieram ocupar
fazendas de café e de cana-de-açúcar, por exemplo? Vieram e se afirmaram nos
dando lições de dedicação, determinação e trabalho. Hoje, a mão de obra
europeia desempregada é de jovens qualificados que podem ocupar postos de
trabalho nas áreas de tecnologia da informação, comércio e gestão de negócios,
entre outros campos. Na encruzilhada dos caminhos que temos para seguir,
infelizmente, deparamo-nos com o obstáculo na Educação. Ao longo dos anos,
tratada como produto de menor importância, ela deixa-nos fragilizados no
momento em que poderíamos mostrar forças e competências para maior e melhor
competitividade.
Mas, ao contrário, ainda estamos
engatinhando na construção de uma Educação que possa despertar cérebros e
habilitá-los para posições estratégicas para a indústria fina e de ponta. Nada
disso! Os modelos educacionais vigentes, na grande maioria, ainda estão na fase
do preparo de mão de obra para atividades operacionais, isso é, facilmente
substituíveis. Lamentável! Comemoramos o incentivo do governo para que nossos
jovens possam estudar em universidades estrangeiras. Há muito tempo exportamos
estudiosos, cientistas, Professores, pesquisadores, artistas e outros que não
voltaram. Quando, então, poderemos representar a referência na Educação como
atrativo para a formação de mentes nacionais e estrangeiras? Estamos longe
dessa possibilidade.
Temos alguns programas de
intercâmbio, mas ainda não somos cobiçados no campo da excelência. Somos poucas
as instituições de renome internacional. A Universidade de São Paulo (USP) é
uma delas. Algumas instituições se destacam em número de Alunos matriculados,
mas não, ainda, em qualidade. Essa diferença pode significar muito numa disputa
de competitividade e de oportunidades de trabalho. Nossa vacina de prevenção
contra problemas futuros se concentra em investimento sério, profundo e
contínuo em Educação. O discurso e os esforços devem, necessariamente, ser
compatibilizados e firmados por princípios e propósitos que integrem as
aspirações dos Alunos, dos Professores, da administração Escolar e da sociedade
com vistas ao melhor para o país. Por enquanto, a dicotomia é profunda.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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