Durante esta semana, o iG mostrou
como o professor tem pouca chance de aprender a ensinar. As faculdades têm apenas
5% a 10% de todo o conteúdo voltado a métodos e práticas docentes e a formação
dentro da escola, prevista em lei, não ocorre ou se perde em questões
burocráticas.
O problema se agrava com a velocidade
das mudanças tecnológicas e a dificuldade dos docentes de aproveitar o
potencial das ferramentas digitais. Na reportagem desta quinta-feira, estão
reunidos os exemplos práticos de técnicas pedagógicas dados pelos especialistas
que criticam o abandono da formação do professor.
1) Porta aberta para visitas
“A
maneira mais simples e eficiente de trazer a vida real para a escola”, assim a
diretora de avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon
Rangel, descreve a abertura das salas de aula para pais, vizinhos e
profissionais convidados, seja para assistir a aula ou participar. “Não é para
fazer isso em uma festa, mas em aulas normais, tornar isso comum”, diz. “Alguém
sentado no fundo da sala inspira mais respeito ao ambiente de aprendizado,
parece que os estudantes pensam ‘vieram ouvir porque isso é importante’. Se
alguém vai falar ao lado do professor a mensagem é ‘estão tão interessados em
que eu aprenda que trouxeram reforço’” .
2) Checar os objetivos
O
que os estudantes devem aprender ao final desta aula? E para a vida? Como uma
coisa levará a outra? A educadora e autora Lea Desprebiteris, especialista em
avaliações educacionais, lamenta que a maioria dos professores sigam um roteiro
sem ter em mente o exato objetivo de cada atividade no plano de aprendizado. “O
planejamento, que costuma ser entregue logo no começo do ano, só deveria ser
feito a partir de uma reflexão sobre os objetivos a atingir com aquela turma e
até com cada aluno. Ainda assim, ele precisa ser maleável, pois o resultado de
uma aula é que vai levar ao realinhamento da próxima para chegar ao ponto
desejado.”
3) Assistir colegas exemplares
Durante
10 anos, o educador norte-americano Doug Lemov observou e filmou professores
com bons resultados em diferentes contextos. O material inspirou o livro “Teach
Like a Champion”, traduzido no Brasil como “Aula Nota 10” e é base da Escola de
Educação Relay. Em visita ao Brasil a convite da Fundação Lemann para o
seminário Líderes em Gestão Escolar, o diretor da escola, Norman Atkins,
defendeu a observação destes colegas. “Todos temos exemplos, a intenção não é
copiar este professor, mas analisar a técnica dos bons educadores e verificar o
que é aproveitável”. A palestra completa está disponível no site da Fundação.
4) Circular pela sala
Entre
as técnicas que estão no vídeo e que foram tabuladas pela Relay como ponto em
comum dos professores de sucesso está a circulação dos educadores. Eles não
ocupam só a frente da sala, mas passeiam para ganhar mais atenção da turma e
ter certeza de quem realmente está participando. Com isso, aproximam-se dos
alunos e inspiram neles a sensação de que estão sendo cuidados.
5) Equilíbrio na participação dos alunos
De
acordo com estudos da mesma instituição, os professores que falam 99% do tempo
não têm bons resultados de aprendizado. Da mesma forma, em uma sala em que só
os alunos falam, por estarem trabalhando com pouca supervisão ou porque o
professor não consegue a atenção, não há boa aprendizagem. “Nossas pesquisas
apontam que o melhor ponto é 43% para o professor e o restante para os alunos
falarem ou pensarem nos exercícios”, diz Atkins.
6) Tempo para as respostas
Uma
das principais práticas que diferenciam os professores filmados é a forma de
elaborar questões. De acordo com o estudo, os melhores professores fazem as
questões mais rigorosas e desafiadoras para manter os alunos constantemente
pensando. Em outro vídeo, Lemov explica como o simples controle do tempo para
resposta pode gerar aprendizado. “É um paradoxo, quanto mais tempo o professor
perde esperando que os alunos estejam prontos, mais tempo de aprendizado ele
ganha”.
7) Incentivar a pesquisa e evitar cópias
Trabalhos
feitos com ajuda do computador podem conter pesquisas mais elaboradas e
aumentar o envolvimento dos estudantes com os temas. Para evitar as temidas
cópias, o coordenador de informática educativa do Colégio Ari de Sá, Alex Jacó
França, indica a atuação em duas frentes. A primeira é simples: colocar trechos
suspeitos nos buscadores da internet e verificar se não são encontradas
publicações iguais. “É importante que o professor saiba checar isso e encontrar
as fraudes”, diz. Neste caso, deve-se lidar com o problema como se fazia com a
cola. A segunda ação do docente deve ser incentivar vídeos, peças interativas e
formas de expor que privilegiam a criatividade e dificultam o uso de material
alheio. “Os estudantes querem trabalhar isso, o professor que dá esta abertura
ganha pontos.”
Fonte: iG
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