Segundo a pesquisa “Retratos da
Leitura no Brasil” de 2011, a população da Região Sul leu em média 1,68 livros
nos últimos três meses da pesquisa, a segunda pior média do país. Podemos
questionar a metodologia da pesquisa, mas é fato que lemos pouco e lemos mal.
Blumenau não é exceção neste cenário,
e tudo indica que no “Vale Europeu” nossos índices de leitura são ainda piores.
Neste sentido, constatar que boa parte das nossas Escolas públicas não dispõe
de bibliotecas ativas, atualizadas e diversificadas explica, em parte, esta
nossa falta de interesse pelo livro e pela leitura.
Não
há proposta pedagógica que se sustente sem a leitura, e não há Escola que possa
oferecer estímulo e preparação adequada para a formação de leitores sem uma
biblioteca. E quando falamos de biblioteca Escolar, não falamos simplesmente de
um depósito de livros didáticos, muitas vezes desatualizados, como é de praxe
encontrarmos por aí. Falamos de um espaço dinâmico, vivo, rico de
possibilidades e gerido por leitores apaixonados. Sim, por leitores
apaixonados, porque um Professor e um bibliotecário que não leem são como
corpos sem alma, e me assusta perceber como são numerosos estes corpos “sem alma”
em nossas Escolas e bibliotecas.
Sentimos falta de alguém para nos
orientar na biblioteca
A falta de um profissional para
administrar a biblioteca e mantê-la aberta integralmente tem afetado o
cotidiano dos Alunos da Escola Estadual João Widemann, na Itoupava Norte.
Melissa Guimarães Kraemer, 16 anos, aluna do terceiro ano da Escola, afirma
que, em diversas ocasiões, se viu obrigada a optar por outros espaços para
fazer pesquisas para trabalhos.
– Sentimos falta de alguém para nos
orientar. Como alguém vai tomar a iniciativa de pesquisar algo na biblioteca ou
até mesmo se incentivar a ler, com a biblioteca fechada? – questiona.
Diante do dilema, a jovem, que é
apaixonada por literatura, em especial títulos épicos, está se mobilizando,
junto com uma Professora, para solucionar parte do problema. Com o auxílio de
um software, trabalham para catalogar todos os livros da biblioteca até o fim
do ano.
O amor pelos livros, inclusive, fez a
estudante começar a traçar o futuro. Após o contato com alguns bibliotecários,
já definiu para qual curso vai prestar vestibular no início de 2013:
Biblioteconomia, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
– Meu sonho é administrar uma
biblioteca. Quem sabe essa, um dia? – disse, apontando para os livros da Escola
em que estuda.
Viegas Fernandes da Costa, escritor e professor, in: Jornal
de Santa Catarina (SC)
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