Historicamente, governo algum deu
prioridade à educação brasileira. Essa herança maldita vem desde o Brasil
Colônia, passou pelo Império e na República, o script continuou o mesmo. E a
solução real para uma educação de qualidade não veio pela simples razão de que
não é negócio para a turma do andar de cima, ganhar o voto de gente educada.
É mais fácil usar o velho expediente
das bolsas esmolas e tanger o gado humano ignorante de seus direitos. Ainda
prevalece a cultura - ou falta dela - de que quando um governante realiza uma
obra qualquer, isso é visto pelo povo como um favor. Não é. É apenas obrigação.
Construir estradas, pontes, viadutos, escolas, colocar água e esgoto, construir
hospitais, aeroportos, enfim, tudo, é apenas obrigação do governante, pois foi
para isso é que ele foi colocado onde está, e ganha muito pelo trabalho que
devia fazer e muitas vezes não faz.
Foi a educação e a cultura de povos
como gregos, hebreus, americanos, ingleses, franceses, alemães, coreanos e
tantos outros que mudou a história de suas nações. Para melhor, muito melhor,
esclareça-se. No Brasil, a política é do clientelismo, do favorecimento, do
fazer por favor, aquilo que é dever do governante fazer e direito do povo
receber.
Temos ilhas de educação de primeira
classe. Mas é elitista. Herança do período imperial. No geral, falta aos
responsáveis pela nossa educação visão estratégica sobre o que é melhor, de
verdade, para a classe estudantil. Falta gestão eficiente e equidade. Há um
grande fracasso escolar provocado pela reprovação, evasão e repetência.
Há ainda o despreparo de boa parte do
professorado, que trabalha apenas por causa do salário, e não por de devoção ao
que faz. Sabe-se que quem não ama o que faz, encara o trabalho como sacrifício.
O resultado, claro, não é bom para ninguém.
Rui Barbosa, em sua campanha
presidencial de 1915 já alertava que tudo o que o Erário gastasse com educação
ainda seria pouco. Ainda é pouco. Muito pouco.
Mas não se pense que o dinheiro, por
si só, resolverá o problema. Precisamos de professores mais bem preparados,
alunos motivados e pais participativos. Precisamos de que toda a sociedade seja
envolvida nesse processo, pela simples razão de que, se fazemos parte do
problema, fazemos parte, também, da solução.
Pra piorar, ainda há o grupo dos que
acreditam que a solução é o nivelamento por baixo. Não é, não foi e nunca será.
Quem vê de forma rasteira, jamais poderá contemplar o que está além das
montanhas e estará condenado à aquela obtusidade córnea da qual falava Eça de
Queiroz.
E a verdade é a seguinte: enquanto
insistirmos em eleger e reeleger os semi-analfabetos, os desonestos, os que só
pensam no interesse próprio, poderemos até ter alguma riqueza material. Mas
jamais seremos absolutamente nada, pela simples razão de quem não tem educação
de primeira qualidade, pode até pensar que é alguém, mas não é absolutamente
ninguém.
Fonte: Diário do Amapá (AP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário