A abordagem que uma minoria tem feito
e a polêmica forçada desses mesmos em relação ao tema "PMs nas
Escolas" mostram um grande desconhecimento da realidade existente nas
Escolas e do entorno desses prédios públicos.
Resumir o debate ao fato de o
policial estar armado entre as crianças é, no mínimo, irresponsável. Não me
recordo de debates calorosos sobre segurança nas Escolas para filhos de ricos.
Ao recordar a tragédia de Realengo,
lembrei-me do discurso de um dos críticos de hoje, que responsabilizou o
próprio Estado pela falta de segurança nas Escolas. Não fosse pela presença de
um policial armado no arredor daquela unidade Escolar, a tragédia teria sido
ainda pior; se é que podemos imaginar algo ainda mais trágico.
À época, "especialistas"
debateram sobre portas giratórias, catracas inteligentes, detector de metais,
circuito interno de TV; tudo isso sem nenhuma racionalidade. Pairou a sensação
de que tínhamos que buscar uma explicação e, por conseguinte, uma solução
imediata para reduzir a dor que todos estávamos sentindo.
Ao contrário do que algumas pessoas
dizem, não somos irresponsáveis de iniciar uma ação sem planejamento. Passamos
meses avaliando as necessidades da rede. Contamos com registros e testemunhos
de várias Escolas.
Quem desconsidera a necessidade de
segurança, certamente desconhece a realidade da Educação pública brasileira.
Para esses, alguns registros: furto de equipamentos de informática; furtos de
cabos elétricos; furtos de merenda Escolar (será que algum crítico pode
considerar que há pessoas que roubam merenda de crianças? Sim!); furto de
grades/cercas completas; brigas entre Alunos maiores de idade; Alunos que
entram armados nas Escolas; consumo de drogas; abordagem de malfeitores intra e
extramuros.
O policial não tem função pedagógica.
Também não tem a função de substituir outros atores da equipe Escolar. Quem
divulgou essa "inverdade" o fez com propósitos pouco ortodoxos. O
policial também não fica entre os Alunos com arma em punho. Não passa em
revista os estudantes. A atuação policial é preventiva e, sobretudo,
colaborativa. A simples presença desse tipo de segurança inibirá atos já
descritos. Ou alguém, realmente interessado em resolver o problema, acredita
que com o diálogo vamos conseguir convencer um traficante ou um psicopata a não
assediar nossos jovens?
Peço desculpas pela franqueza, mas,
aos críticos, vai a minha certeza de que, para determinadas situações, o
diálogo passa a ser uma versão semântica de um romantismo que não existe mais,
infelizmente. Cabe ao Estado proteger os cidadãos. O policial pode e deve
rondar a unidade Escolar (dentro e fora). Algumas Escolas possuem áreas
extensas. Um exemplo típico de Escolas desse tipo são os Cieps e as Escolas
agrícolas. Temos experiências de outros países. Não estamos, portanto,
inventando solução. Enfim, a segurança nas Escolas não se resume ao Proeis.
Temos absoluta consciência disso. Algo, porém, tinha que começar a ser feito.
Wilson Risolia, secretário de Educação do RJ,
in: O Globo (RJ)
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