quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tablet transformará educação?

É o sonho dourado de educadores e alunos do século 21: cada adolescente com seu próprio tablet, carregado com material didático digital, e ainda podendo compartilhar informações, usar dispositivos eletrônicos para ampliar a experiência de ensino e ter acesso instantâneo à informação. Tudo a favor da construção do conhecimento numa sociedade que tem nisso sua maior moeda. É um sonho que pode estar começando a se tornar realidade com a introdução dos tablets híbridos do programa Aluno Conectado, do governo do Estado. A partir deste mês, 152 mil alunos de escolas públicas do 2º e 3º ano do ensino médio receberão o equipamento da Digibras, divisão da CCE, comprados por R$ 629 cada. Mas será que só o equipamento basta para revolucionar a educação no Estado, como deseja o governo?
“Tudo vai depender do conjunto de softwares que virá embarcado no equipamento”, analisa o professor de química da rede estadual e graduando em ciência da computação Afonso Feitosa. Para ele, é preciso, de cara, deixar mais claro quais serão os dispositivos embutidos nas máquinas para que os professores comecem a planejar a utilização em sala de aula. “Até agora esses softwares são um mistério. E isso faz toda a diferença, porque um computador, por si só, não muda nada. O que tem que mudar é o uso do equipamento na educação”, afirma.
O professor mostra preocupação também com relação à conectividade nas escolas. “Também não adianta nada ter uma ferramenta dessas e não ter internet na escola. E tem que ser de excelente qualidade. Não há condições de num colégio de 700 alunos, por exemplo, haver uma rede compartilhada de 2 Mbps. Tem que ter pelo menos 30 Mbps”, destaca. Outro ponto levantado pelo professor é a capacitação, que deve ser aprofundada. “Se for só para dar aula de Powerpoint não adianta. Tem que haver imersão profunda nos softwares educacionais que virão na plataforma”, diz.
Pelo menos no discurso, a Secretaria de Educação de Pernambuco está em sintonia com a preocupação dos professores. Segundo o secretário Anderson Gomes, o tablet virá com um conjunto de 12 softwares educacionais, mais acesso à rede de acompanhamento da Intel, criadora da plataforma educacional usada no equipamento da Digibras.
Entre eles, estão kits de ciências que podem ser usados em conjunto com sensores plugados à máquina, como microscópios, medidores de temperatura e acelerômetros. Também está incluído um software de reconhecimento de escrita que reconhece até mesmo operações matemáticas. Segundo Gomes, a expectativa é que todo material didático usado nas escolas seja digital ainda este ano.
No quesito capacitação, o plano da secretaria é que todos os professores diretamente envolvidos no projeto recebam treinamento da Intel. Os cursos começaram há uma semana. “Primeiro vamos mostrar como usar a tecnologia dentro da sala de aula. Depois discutiremos como criar projetos de aula usando a mentalidade e as ferramentas do século 21”, diz o gerente de definição de plataforma da Intel, Russell Beauregard, que semana passada esteve no Recife para apresentar a solução aos gestores da educação de Pernambuco. “Também queremos fazer uma capacitação específica nas ferramentas educacionais da Intel”, diz. Todo o treinamento, segundo o secretário Gomes, será financiado pela divisão de responsabilidade social da Intel.
Conectividade é o elo mais frágil da equação. Mas, segundo Gomes, 950 escolas do Estado estarão conectadas à internet até o fim do ano. “Hoje temos 400 escolas com infraestrutura sem fio. Até dezembro conectaremos mais 550”, diz.
O cronograma de implantação segue a mesma lógica da distribuição dos tablets. De início, a capital e as maiores cidades do litoral receberão os equipamentos e a infraestrutura de rede.
ENERGIA - Além de ter que resolver questões como capacitação e a integração entre professores, alunos e equipamentos, há questões técnicas que complicam ainda mais a implantação dos tablets híbridos na educação do Estado. Um dos principais é o fator energético. É que a bateria do computador tem duração de cinco horas, menos até que a dos netbooks convencionais. No caso de escolas regulares, a autonomia dos equipamentos pode até ser suficiente na maior parte do tempo.
Mas e no caso de escolas com horário integral, como o Ginásio Pernambucano? Ou o que fazer se o aluno esquecer de dar carga completa no equipamento na noite anterior à aula? A solução óbvia (ou seja, a inclusão de mais tomadas nas salas de aula) parece simples, mas requer uma matemática complexa. O impacto dos tablets na conta de energia das escolas estaduais não foi nem sequer mencionado no plano dos tablets.
Fonte: Jornal do Commercio Online

10% do PIB para educação

O Plano Nacional de Educação (PNE) deverá ser votado pela Comissão Especial na próxima terça-feira, dia 29 de maio. Após muitas discussões relativas ao Plano, de temas como financiamento da Educação, valorização do Professor e ampliação do acesso à Escola, um assunto mostrou-se mais controverso: a questão do percentual do Produto Interno Bruno (PIB) que deve ser aplicado em Educação.
Atualmente, apenas 5% do PIB é investido na área. Pela proposta inicial do Governo, esse valor aumentaria para 7% ao longo do decênio de validade do PNE. O relator da proposta, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), modificou essa proposta para ampliar o investimento público em Educação de forma a atingir, ao final do decênio, no mínimo, o patamar de 7,5% do PIB considerando o investimento direto em Educação.
Mas, assim como instituições como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), também defendo que esse investimento deveria ser de 10% do PIB. Algumas mobilizações já foram feitas em Brasília para pressionar o Governo a aceitar os 10% e outras estão previstas para a próxima semana.
É importante lembrar que os 10% foram defendidos em todas as instâncias preliminares ao PNE. Nas discussões realizadas através das conferências municipais, estaduais e nacional de Educação, essa foi uma proposta defendida quase por unanimidade.
Com relação aos royalties do pré-sal, já conseguimos um importante avanço, inclusive com emenda de minha autoria, que foi a inclusão no projeto do PNE de que 50% dos recursos do pré-sal deverão ser investidos em Educação e ciência e tecnologia. O texto original do PNE sequer contemplava essa questão.
É preciso fazer uma grande mobilização nacional em nome do futuro da Educação brasileira. Somente com investimentos maciços em Educação conseguiremos incluir definitivamente o Brasil entre os países desenvolvidos, não só com uma economia equilibrada, mas com inclusão e mais igualdade social.
Artur Bruno, professor e deputado federal (PT-CE), in: O Povo (CE)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pelotas cria projeto de lei para que alunos respeitem os professores

Está em vigor desde a última sexta-feira (18) em Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul, o projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores do município para que os alunos respeitem os professores nas escolas. A lei 5.899 prevê que o assunto seja debatido em sala de aula, assim como a realização de atividades extracurriculares que envolvam a comunidade escolar.
Medidas orientadoras também fazem parte do projeto. Em caso de agressão, o aluno e o professor devem receber toda assistência. Se for o caso, o educador deve ser afastado ou até transferido para outra instituição sem qualquer perda financeira. As medidas deverão ser adotadas pelos órgãos municipais, entidades representativas dos professores e escolas.
De acordo com o vereador Luiz Eduardo Brod Nogueira, o objetivo é criar meios de impedir a violência contra os professores. "Alguma atitude tem de ser tomada, o nível de agressão tem aumentado consideravelmente. A Câmara, ao fazer essa lei, tenta se inserir nesse processo de preservação", destaca.
Em 2006, uma professora da rede municipal perdeu a visão do olho direito depois de ser atingida por uma cadeira em Pelotas. Ela tentava separar dois alunos que brigavam dentro da sala de aula. Um ano depois, outra professora disse que foi agredida a socos e pontapés por uma aluna de 16 anos. A estudante foi suspensa e, na época, foi instalada uma auditoria pedagógica na escola.
Mas a lei não agrada a todos. O promotor regional da educação, José Olavo Passos, contesta. "Pode acontecer que muitos professores que se encontrem trabalhando em áreas de risco, mencionem que precisam ser afastados. Como vou delimitar isso? Retirando esse professor e colocando um substituto?", questiona. Sobre um possível afastamento em caso de agressão, a professora Célia Ferreira acredita que esta não é a decisão ideal. "Não acho justo que o professor seja afastado, isso pode prejudicar outros alunos", comenta. "Quem tem de ser afastado se houver agressão é o aluno", opina o professor Fábio Pinheiro.
G1

Educação e empregos

As notícias que comparam a aceleração da economia brasileira e a crise dos países europeus deve ser considerada com cautela por aqueles que pensam que estamos numa situação privilegiada. Na verdade, numa economia globalizada não há o que comemorar. A ordem econômica é sistêmica e contingencial. Temos que agir com respeito e cuidado para não sofremos, muito em breve, os efeitos diretos daquilo que afeta os vizinhos. Nosso telhado é de vidro.
O perigo começa quando consideramos a baixa qualificação profissional da grande maioria da mão de obra brasileira, ao contrário de muitos estrangeiros que pensam em novas oportunidades de trabalho no Brasil. Quem não se lembra das ondas de estrangeiros que vieram ocupar fazendas de café e de cana-de-açúcar, por exemplo? Vieram e se afirmaram nos dando lições de dedicação, determinação e trabalho. Hoje, a mão de obra europeia desempregada é de jovens qualificados que podem ocupar postos de trabalho nas áreas de tecnologia da informação, comércio e gestão de negócios, entre outros campos. Na encruzilhada dos caminhos que temos para seguir, infelizmente, deparamo-nos com o obstáculo na Educação. Ao longo dos anos, tratada como produto de menor importância, ela deixa-nos fragilizados no momento em que poderíamos mostrar forças e competências para maior e melhor competitividade.
Mas, ao contrário, ainda estamos engatinhando na construção de uma Educação que possa despertar cérebros e habilitá-los para posições estratégicas para a indústria fina e de ponta. Nada disso! Os modelos educacionais vigentes, na grande maioria, ainda estão na fase do preparo de mão de obra para atividades operacionais, isso é, facilmente substituíveis. Lamentável! Comemoramos o incentivo do governo para que nossos jovens possam estudar em universidades estrangeiras. Há muito tempo exportamos estudiosos, cientistas, Professores, pesquisadores, artistas e outros que não voltaram. Quando, então, poderemos representar a referência na Educação como atrativo para a formação de mentes nacionais e estrangeiras? Estamos longe dessa possibilidade.
Temos alguns programas de intercâmbio, mas ainda não somos cobiçados no campo da excelência. Somos poucas as instituições de renome internacional. A Universidade de São Paulo (USP) é uma delas. Algumas instituições se destacam em número de Alunos matriculados, mas não, ainda, em qualidade. Essa diferença pode significar muito numa disputa de competitividade e de oportunidades de trabalho. Nossa vacina de prevenção contra problemas futuros se concentra em investimento sério, profundo e contínuo em Educação. O discurso e os esforços devem, necessariamente, ser compatibilizados e firmados por princípios e propósitos que integrem as aspirações dos Alunos, dos Professores, da administração Escolar e da sociedade com vistas ao melhor para o país. Por enquanto, a dicotomia é profunda.
Fonte: Estado de Minas (MG)

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Olá Edinalda!
Sinceramente não me lembro se a pergunta que irei fazer já fez parte de alguma dica. Se já, ignore-a que irei procurar em meus arquivos.
Constantemente ao utilizar a palavra implementação o corretor ortográfico do word o rejeita sugerindo é um caso de neologismo. Afinal, podemos utilizá-la na linguagem culta e em textos acadêmicos ou devemos substituí-la por outra. Caso sim, qual?
Obrigada, beijos e saudades.
Marlúcia Junger Lumbreras
Vamos a ela!
O verbo implementar entrou recentemente na língua portuguesa e deriva de implemento= o que é necessário para a execução de algo que, por sua vez, é uma adaptação do verbo inglês to implement=executar. Chamamos os 'empréstimos' da língua inglesa (são muitos!!!!) de anglicismo.
Agora, vem o mais curioso: a forma inglesa tem origem no latim medieval implementum < implere (ação de preencher, suprir)!!!!!!
Não há problema algum em usar a palavra em textos formais, embora haja certo excesso em seu emprego. A língua portuguesa não é tabula rasa. É possível, é claro, substituí-la por execução, aplicação, realização ou efetivação, entre outras, se o contexto permitir.
Talvez os computadores grifem exatamente por isso: há palavras disponíveis na LP e continuamos nos apropriando da palavra alheia.
Abraços,
Edinalda

terça-feira, 29 de maio de 2012

Sem livro não há liberdade, sem biblioteca não há escola

Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” de 2011, a população da Região Sul leu em média 1,68 livros nos últimos três meses da pesquisa, a segunda pior média do país. Podemos questionar a metodologia da pesquisa, mas é fato que lemos pouco e lemos mal.
Blumenau não é exceção neste cenário, e tudo indica que no “Vale Europeu” nossos índices de leitura são ainda piores. Neste sentido, constatar que boa parte das nossas Escolas públicas não dispõe de bibliotecas ativas, atualizadas e diversificadas explica, em parte, esta nossa falta de interesse pelo livro e pela leitura.
Não há proposta pedagógica que se sustente sem a leitura, e não há Escola que possa oferecer estímulo e preparação adequada para a formação de leitores sem uma biblioteca. E quando falamos de biblioteca Escolar, não falamos simplesmente de um depósito de livros didáticos, muitas vezes desatualizados, como é de praxe encontrarmos por aí. Falamos de um espaço dinâmico, vivo, rico de possibilidades e gerido por leitores apaixonados. Sim, por leitores apaixonados, porque um Professor e um bibliotecário que não leem são como corpos sem alma, e me assusta perceber como são numerosos estes corpos “sem alma” em nossas Escolas e bibliotecas. 

Sentimos falta de alguém para nos orientar na biblioteca
A falta de um profissional para administrar a biblioteca e mantê-la aberta integralmente tem afetado o cotidiano dos Alunos da Escola Estadual João Widemann, na Itoupava Norte. Melissa Guimarães Kraemer, 16 anos, aluna do terceiro ano da Escola, afirma que, em diversas ocasiões, se viu obrigada a optar por outros espaços para fazer pesquisas para trabalhos.
– Sentimos falta de alguém para nos orientar. Como alguém vai tomar a iniciativa de pesquisar algo na biblioteca ou até mesmo se incentivar a ler, com a biblioteca fechada? – questiona.
Diante do dilema, a jovem, que é apaixonada por literatura, em especial títulos épicos, está se mobilizando, junto com uma Professora, para solucionar parte do problema. Com o auxílio de um software, trabalham para catalogar todos os livros da biblioteca até o fim do ano.
O amor pelos livros, inclusive, fez a estudante começar a traçar o futuro. Após o contato com alguns bibliotecários, já definiu para qual curso vai prestar vestibular no início de 2013: Biblioteconomia, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
– Meu sonho é administrar uma biblioteca. Quem sabe essa, um dia? – disse, apontando para os livros da Escola em que estuda.
Viegas Fernandes da Costa, escritor e professor, in: Jornal de Santa Catarina (SC)

Embate entre família e docentes

A relação entre pais e professores está longe de ser harmoniosa. E o problema não está circunscrito ao Brasil. Em 2011, o professor americano Ron Clark publicou um artigo em tom de desabafo no site da rede de TV CNN intitulado "O que os professores realmente querem dizer aos pais". O texto se tornou o segundo mais compartilhado no Facebook naquele ano e encorajou o debate: afinal, por que há tantos conflitos entre família e escola? A psicóloga australiana Kimberley O'Brien, especialista no tema escola e família, dá pistas para a solução do problema: "Uma relação saudável exige tempo e dedicação de pais e professores, mas nem sempre ambos estão dispostos a fazer esse investimento", diz a especialista, que está no Brasil para participar do congresso Educar/Educador, em São Paulo. "Os dois lados, pais e professores, precisam entender que os esforços têm de ser compartilhados. Com mais trabalho e menos reclamação, os resultados aparecem." Confira a seguir a entrevista que a psicóloga concedeu ao site de VEJA.
Afinal, por que a relação família-escola é tão desgastada? Uma relação saudável exige tempo e dedicação de pais e professores, mas nem sempre ambos estão dispostos a fazer esse investimento. Muitas vezes, os pais esperam que a escola estabeleça as vias desse relacionamento, mas os professores não podem fazer isso sozinhos por falta de tempo e recursos. Minha experiência profissional mostra o quanto esse impasse pode gerar stress, fadiga e uma lista interminável de reclamações. Os dois lados precisam entender que os esforços têm de ser compartilhados. Com mais trabalho e menos reclamação, os resultados aparecem.
O que a ciência diz sobre a participação da família no processo educacional de crianças e adolescentes? As pesquisas no campo da psicologia emocional mostram que deve haver consistência no relacionamento entre escola e família para que a criança sinta que existe estabilidade nos dois campos. A ligação do estudante com o ambiente escolar aumenta quando há envolvimento dos pais em atividades como leitura e deveres de casa em geral. Quando o irmão mais novo assiste à participação dos pais nas atividades escolares do mais velho, se sente muito mais seguro de ir para a escola pela primeira vez. Já os jovens que sentem que seus pais interagem com seus professores têm menos chances de largar a escola e, assim, ganham motivação.
Quais as consequências quando a relação entre família e escola desanda? Ao contrário do que se possa imaginar, as crianças e adolescentes detectam muito rapidamente quando pais e professores entrem em conflito. Se o jovem sente que sua família não está comprometida com a escola ou com os docentes, passa a questionar sua dedicação à instituição. Isso afeta seu desempenho escolar e sua relação com o ambiente escolar.
O que pode ser feito por parte dos pais para evitar situações como essa? Em primeiro lugar, eu sempre recomendo aos pais muita pesquisa antes de escolher a escola em que seus filhos vão estudar. Eles precisam estar bastante seguros de que aquela é a unidade que se enquadra em suas expectativas. Isso minimiza muito as chances de conflitos ao longo da vida acadêmica. Se, mesmo assim, as divergências aparecerem, a orientação é procurar a direção da escola e os professores para uma conversa franca. Trocar o filho de escola não é recomendado em situações como essa. Deve ser o último recurso a ser considerado pelos pais.
Como devem agir os professores? É necessário estabelecer um canal confiável de comunicação. Para isso, é preciso criar oportunidades de encontro semanais, por exemplo, para oferecer suporte às famílias. Muitas escolas acham que isso toma muito tempo, mas os benefícios no longo prazo são comprovados. Outra técnica muito pouco praticada é dividir tarefas entre os estudantes. Quando o professor dá para a criança uma responsabilidade, como desligar os computadores da sala ou zelar pelo material esportivo, isso aumenta o sentimento de orgulho por parte dos pais e ajuda a aumentar a confiança que a família deposita na escola.
Melhorar as relações entre família e escola é uma preocupação universal? Certamente. Em todos os cantos do mundo, os pais tiram seus filhos de casa para enviá-los à escola. Em alguma medida, esse conflito aparece em todos os países.
Fonte: Veja

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Escolas privadas são menos equipadas que públicas

As informações recolhidas pelo Ministério da Educação junto às 153 mil escolas de educação básica do País quebram um mito: o de que pagar uma mensalidade é garantia de acesso à melhor infraestrutura escolar.
Os dados do Censo Escolar 2011 mostram que a rede privada, proporcionalmente, está menos equipada com laboratórios de informática e internet, possui tão poucas quadras de esporte quanto a rede municipal e oferece o mesmo tanto de bibliotecas e laboratórios de ciências que a rede estadual.
De cada 10 colégios particulares, seis possuem laboratório de informática. Comparando com as escolas municipais urbanas, o número sobre para sete. Na rede estadual, 89% dos colégios oferecem acesso a computadores e, na federal, 95% deles.
No quesito internet, apesar dos números próximos, há menos colégios privados (84,5%) com acesso à banda larga do que públicos. Na rede federal, o acesso chega a 90,6% das escolas. Entre os colégios estaduais, 89,7% das escolas têm banda larga, e, na rede municipal, 86,1%.
A análise foi feita pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Thiago Alves a partir dos microdados do Censo Escolar 2011, liberados há pouco mais de um mês pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
“Os números dos itens de infraestrutura desmentem o mito de que a escola privada tem sempre melhor infraestrutura que as públicas. É preciso considerar que as escolas privadas com infraestrutura de primeira são exceção e destinadas a uma minoria que pode arcar com mensalidades altas”, pondera.
Alves comenta que o item mais ausente na infraestrutura das escolas é laboratório de ciências. De cada cinco escolas urbanas, apenas uma oferece esse ambiente (22%). Nos colégios urbanos, a presença de laboratórios é comum a 67,7% da rede federal, a 34,7% da rede estadual, a 32,1% das escolas privadas e a apenas 6,9% das municipais. 

Diferenças regionais
A falta de infraestrutura adequada nas escolas privadas ocorre, principalmente, nos Estados do Norte e Nordeste. Nas duas regiões, cerca de 69% dos estabelecimentos de ensino oferecem acesso à internet de banda larga, enquanto nas públicas a oferta supera os 73% em todas as redes.
Menos da metade das escolas privadas (43%) possui laboratórios de informática no Nordeste e, no Norte, está em 52%. Entre as públicas, a rede urbana municipal nordestina é que oferece a menor quantidade de computadores (56,6%). Laboratórios de ciências também estão em poucas escolas. Só existem em 17,9% das privadas nessas regiões e em menos de 4% das municipais.

 Cidade X campo
Nas comparações dos números, Alves descarta as escolas rurais. Apesar de serem numerosas – 71,5 mil do total de 153 mil – poucas são privadas (354). Além disso, elas atendem menos estudantes e têm uma realidade muito específica para serem agrupadas nas análises gerais, segundo o pesquisador.
“É preciso separar a análise da área rural da urbana. Essas escolas são pequenas, têm poucas salas de aula e, claro, sofrem com a falta de muitos equipamentos disponíveis nas estruturas urbanas. Por isso, é danoso incluí-las nas comparações”, afirma.
Na opinião do coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a preocupação com a infraestrutura das escolas não pode se esgotar apenas com a oferta dos insumos. “Não adianta apenas ter o insumo, é preciso usá-lo. O importante é discutir o projeto pedagógico da escola”, diz.
Fonte: iG

Veja como funcionam os melhores sistemas de ensino do mundo

 
Responsável por apontar os países com melhor desempenho escolar, o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa) chega à 4ª edição em 2012. A cada avaliação o foco é direcionado a uma área do conhecimento. No primeiro exame, em 2000, a leitura ganhou destaque. Em 2003, foi a vez de matemática, seguida de ciências, e novamente leitura, em 2009. Neste ano, a matemática volta a receber atenção especial.
Entre 2 e 31 de maio, os alunos brasileiros serão submetidos a provas de Leitura, Matemática, Ciências, Resolução de problemas, Leitura eletrônica e Matemática eletrônica. Os dados serão coletados a partir de cadernos de teste, questionários e provas eletrônicas, e os resultados, produzem indicadores de desempenho estudantil importantes para a criação de políticas educacionais.
De acordo com o Inep, a estimativa é de que a avaliação seja aplicada em cerca de 900 escolas, reunindo mais de 25 mil estudantes. Em 2009, o Brasil alcançou a 53ª posição.
As grandes potencias educacionais, mesmo com particularidades, apresentam características semelhantes: currículo diversificado, foco na formação dos professores e atenção especial às séries iniciais. Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o êxito dos melhores colocados se deve ao constante esforço dos governos federais. "Eles estão comprometidos em colocar todas as crianças na escola, pagar bem os professores e exigir muito deles, além de ter escolas bonitas e bem equipadas", diz o ex-ministro da Educação. Conheça os dez mais bem sucedidos sistemas de ensino do mundo, segundo o último Pisa.
Fonte: Terra

Expressão nacional discute crise na educação

Apenas metade dos alunos até os 19 anos concluem o ensino médio e 3,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos estão fora da escola, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE. A dificuldade maior consiste em manter os estudantes da rede pública de ensino médio nas salas de aula.
Quando o assunto é o desempenho, a situação é ainda mais crítica. Dados oficiais do documento De olho nas metas 2011, elaborado pelo movimento Todos pela Educação, aponta que apenas 32,5% dos matriculados do 5º ano do ensino fundamental têm desempenho adequado em matemática, número que cai para apenas 20% na Região Nordeste. O quadro piora no fim do ensino médio: apenas 11% dos alunos têm o desempenho desejável, sendo que no Norte esse percentual cai para 4,9% e, no Nordeste, para 6,8%.
É nesse cenário que a Câmara dos Deputados se prepara para debater o Plano Nacional de Educação cujo ponto mais polêmico é o financiamento público do setor para a próxima década. Atualmente, União, estados e municípios aplicam juntos 5% do PIB no setor, mas entidades da sociedade civil, parlamentares da base do governo e da oposição pedem a aplicação de pelo menos 10% do montante em educação.
Será que o problema é a falta de recursos? O que realmente está faltando às escolas brasileiras? Qual o segredo dessas cidades que vêm cumprindo as metas? Esse é o debate do Expressão Nacional, exibido ao vivo.
Assista aos vídeos:
Parte 1
Parte 2
Fonte: TV Câmara

domingo, 27 de maio de 2012

Prometer é fácil

Ainda de madrugada, Ivonilde Pereira dos Santos atravessa algumas ruas para deixar Ezequiel, filho mais novo de uma prole de sete, na casa de uma conhecida. Pelos cuidados com o menino de três anos, a auxiliar de serviços gerais desembolsa R$ 130 por mês. “Faz muita falta esse dinheiro no meu orçamento”, diz a mulher, depois de um dia de trabalho que começa às 6h e termina às 15h. A solução encontrada por Ingrid Araújo de Jesus foi largar o emprego em uma sorveteria no Plano Piloto quando Yasmin, de um ano, nasceu. “Não ia compensar. Teria que pagar R$ 150, no mínimo. O jeito é esperar que ela cresça mais um pouco”, diz a mãe da bebê. Tanto Ivonilde quanto Ingrid já perderam as esperanças de ter uma Creche pública para atendê-las. Não se encantam nem com a promessa requentada pela presidente Dilma Rousseff, que na última semana anunciou a construção de 6.247 unidades de Educação infantil até 2014.
A meta é exatamente a mesma do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil, existente desde 2007 e conhecido pela sigla ProInfância, agora rebatizado de Brasil Carinhoso. O Ministério da Educação, que gerencia o ProInfância, já repassou recursos a prefeituras para a construção de 4.050 Creches em todo esse período, mas apenas 347 unidades estão em funcionamento — 5% das obras encomendadas. Outras 86 unidades que já foram levantadas, e por isso constam nos registros do governo federal como “concluídas”, embora não tenham aberto as portas, padecem de todo tipo de problema, desde demora nas licitações até falta de dinheiro para equipar os espaços e contratar profissionais. Diante do quadro, não é difícil compreender por que no Brasil apenas 12,4% das crianças de até 3 estão matriculadas em unidades educacionais. Até os 5 anos, o índice sobe para 18%.
O cientista político Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, observa que, embora a Creche seja a etapa Escolar que demanda mais dinheiro, cerca de R$ 7,4 mil por mês para cada Aluno, é a que menos recebe investimentos. “A média dos recursos repassados pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para as prefeituras é de R$ 2 mil. E sabemos que 85% dos municípios não têm arrecadação, então dependem apenas desses repasses”, afirma o especialista. Para fins de comparação, o custo de um Aluno no Ensino fundamental ou no Ensino médio não ultrapassa R$ 3 mil. Os dados foram calculados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, no estudo Educação pública de qualidade: quanto custa esse direito?

Já Ingrid largou o emprego por não ter onde deixar a pequena Yasmin
Outra meta longe de ser atingida, quando o assunto é Creche no Brasil, está no Plano Nacional de Educação, que previa 50% das crianças de até três anos matriculadas em 2010. “A evolução tem sido tão ruim, que o novo plano, prevendo as metas para 2020, repete esse índice”, afirma o conselheiro do Movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos. Segundo ele, a dificuldade na construção das unidades de Educação infantil começa pela especificidade da obra. “Não dá para ampliar, reformar, como no Ensino regular. É uma modalidade completamente diferente, em que o Aluno precisa mais de cuidado do que de Educação no sentido estrito”, afirma.

Desenvolvimento
Mas não há dúvidas, segundo o pesquisador Aloisio Araújo, autor de Aprendizagem infantil – uma abordagem da neurociência, quanto aos ganhos. “Está provado que essas horas diárias de leitura em voz alta, de contato com os números, de brincadeiras orientadas, fazem muito bem ao desenvolvimento da criança. Por isso, enfatizo que não adianta ter Crecheruim, as consequências podem ser sérias”, destaca. Enquanto isso, no Distrito Federal, que tem a pior cobertura do país, com apenas 3,6% das crianças de até três anos matriculadas, Ezequiel tem que se contentar com o improviso da casa da vizinha. “Posso trabalhar tranquila, mas sei que se ele estivesse em uma escolinha seria bem melhor, teria desenvolvido mais”, afirma Ivonilde. Ingrid sabe que, mais cedo ou mais tarde, o destino de Yasmin, hoje muito pequena, será o mesmo. “Se tivesse uma Creche pública, nossa vida seria outra”.

MEC culpa tempo de construção
A construção de uma Creche leva em média de um ano e meio a dois anos para ser finalizada, de acordo com cálculo do Ministério da Educação (MEC). Só a etapa de licitação chega a demorar seis meses. Essa é a justificativa da pasta para a evolução pouco expressiva no número de unidades concluídas do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Pública de Educação Infantil (ProInfância). A omissão de prefeituras, que alegam falta de recursos para colocar o espaço em funcionamento, tem sido outro motivo apresentado pela pasta.
O conselheiro do Movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos, compreende as dificuldades inerentes ao processo de construção, mas considera um erro atribuir às prefeituras o não funcionamento. “O MEC sabe qual prefeitura tem condições de arcar com os custos de funcionamento e manutenção. Por que assina convênios com quem não poderá oferecer o serviço? É passar um cheque em branco para fazer média e depois esquecer”, critica.
Quanto ao Brasil Carinhoso, o Professor tem opinião realista. “Lançar um programa é fácil, já fui gestor público. Difícil é criar mecanismos de acompanhamento, corrigir os processos e perseguir o cumprimento das metas”, diz. O MEC tem à disposição o Sistema de Informações Integradas de Planejamento, Orçamento e Finanças (Simec), ferramenta que mostra o andamento detalhado do processo da obra. Há até fotos das Creches em funcionamento. “Recurso para gerenciar existe, isso é fato”, finaliza o representante do Todos pela Educação.
Fonte: Correio Braziliense

Professor: ainda o pior salário

O salário dos Professores da Educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar um quadro que tem trágicas consequências para a qualidade do Ensino: o magistério segue sendo a carreira universitária de pior remuneração no país.
Tabulações feitas pelo GLOBO nos microdados do Censo do IBGE mostram que a renda média de um Professor do Ensino fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os demais trabalhadores também com nível superior. Dez anos depois, esta relação aumentou para 59%. Entre Professores do Ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.
Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas do Ensino superior com ao menos 50 mil formados na população, os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que vieram de cursos relacionados a ciências da Educação - principalmente Pedagogia e formação de Professor para os anos iniciais da Educação básica.
Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da área de religião e, novamente, uma carreira de magistério: formação de Professores com especialização em matérias específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do Ensino médio, como Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.

Achatamento provoca prejuízos
Pagar melhor aos Professores da Educação básica, no entanto, é uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a longo prazo em termos de qualidade de Ensino. A literatura acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que a remuneração Docente não tem, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, relação imediata com a melhoria do aprendizado dos Alunos.
No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios prejuízos a longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande repercussão internacional ao destacar que uma característica dos países de melhor desempenho educacional do mundo - Finlândia, Canadá, Coreia do Sul, Japão e Singapura - era o alto poder de atração dos melhores Alunos para o magistério.
- Não dá para imaginar que, dobrando o salário do Professor, ele vai dobrar o aprendizado dos Alunos. O problema é que os bons Alunos não querem ser Professores no Brasil. Para atrair os melhores, é preciso ter salários mais atrativos - afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, concorda com o diagnóstico da baixa atratividade da profissão. Ele afirma que a carreira de Professor, salvo exceções, acaba atraindo quem não tem nota para ingressar em outra faculdade. Para Roberto Leão, salário é fundamental, mas não o suficiente para melhorar a qualidade do Ensino.
- Sem salário, não há a menor possibilidade de qualidade. Agora, claro que é preciso mais do que isso: carreira, formação e gestão.
Priscila Cruz também diz que o salário é só parte da solução:
- É preciso melhorar salários para que os Alunos aprendam mais. Mas o profissional também tem que ser mais cobrado e responsabilizado por resultados. Não pode, por exemplo, faltar e ficar tantos dias de licença, como é frequente.  

Distrito Federal lidera ranking do magistério
Os Professores do Distrito Federal recebem os maiores salários da categoria no Brasil, conforme o censo do IBGE. Nem por isso deixaram de fazer greve este ano. Durante 52 dias, cruzaram os braços para reivindicar isonomia com as demais carreiras de nível superior. O sindicato diz que um profissional ganha, em média, R$ 5 mil por mês - o que deixaria o magistério em 23º lugar, dentre 26 áreas do governo local.
No balanço feito pelo GLOBO a partir do censo do IBGE, o DF ficou na primeira posição do ranking salarial de Professores por estado, tanto no Ensino médio (R$ 4.367) quanto no Ensino fundamental (R$ 3.412). O Rio de Janeiro foi o 4º no Ensino médio, com renda mensal de R$ 2.778; e o 9º no Ensino fundamental, com R$ 1.882. Os dados são de 2010 e consideram profissionais da rede pública e privada.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) diz que o resto do país não serve de parâmetro. É que, no DF, o governo federal banca despesas de Segurança Pública e parte dos gastos com Educação e Saúde.
- Não podemos comparar o salário do Distrito Federal com o de outros estados e sim com os dos demais trabalhadores do DF. A grosso modo, todas as carreiras do DF têm salários maiores: o médico ganha mais, o policial ganha mais - diz a diretora de Imprensa do Sinpro, Rosilene Corrêa.
A greve terminou no último dia 2. Para recuperar aulas, as Escolas funcionarão aos sábados até o fim do ano.
O Professor de Português Carlos Eugênio Rêgo, de 47 anos, recebe salário bruto de R$ 7.464,42 por mês. Ele leciona há 21 anos e está perto do topo da carreira, cuja remuneração vai de R$ 2.426,69 a R$ 8.794,44, conforme tabela do Sinpro. Trabalha no Centro de Ensino Médio Setor Oeste, Escola da rede pública de Brasília com melhores resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) à exceção de colégios militares. Ele diz que, ocasionalmente, dá aulas em cursinhos para complementar a renda.
- O ponto fundamental é a isonomia. Incomoda muito a enxurrada de reportagens dizendo que temos o maior salário do Brasil. Tem que levar em conta o custo de vida - diz Carlos Eugênio.
Já o Professor de Física Lucélio Oliveira Fernandes, 42 anos, conta que o Setor Oeste não tem laboratório de Ciências e dispõe de apenas dois Docentes de Física para 1.140 Alunos de Ensino médio. Segundo ele, seria necessário pelo menos mais um profissional.
- E olha que dizem que essa é a melhor Escola do DF. Fico imaginando como é a pior - afirma Lucélio. Às vésperas da aposentadoria, o Professor de Geografia e Artes Francisco Chagas Rocha, o Paco, de 64 anos, vê descaso na forma como os governos, depois de eleitos, tratam o magistério:
- Se você ganha seis ou sete mil reais por mês, acaba ganhando (líquido) 3.500 reais. E o GDF (governo do Distrito Federal), escreva aí, por favor, o GDF, cretinamente, diz que o Professor ganha bem - diz Paco.
Fonte: O Globo (RJ)

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A dica já foi objeto de estudo de nossa 'turma', mas merece uma revisão. Vocês ouviram, na surpreendente (?????) Revelação de Xuxa sobre abuso sexual, a moça falando  seje?????????????????????
Isso é de doer os ouvidos, tímpano, cérebro, neurônios.
Essa moça não tem o direito de também 'abusar linguisticamente' (rsss) da LP!!!! Na verdade, pelo prestígio que ela tem (ou tinha) nas camadas de baixinhos e altinhos, isso representa um padrão e as pessoas imitam infelizmente! É mais natural para alguns copiar um ídolo do que ouvir a recomendação de uma professora, não é? Lembram-se do 'vareia' de Renato Aragão? Foi uma peste sem vacina!
Pois bem: tanto para ser quanto para estar, o subjuntivo será seja e esteja.
E tenho dito!
Grande e fraterno abraço, até junho,
Edinalda

Incentivos para que escolas privadas de ensino básico ofereçam bolsas a alunos pobres gera controvérsia

A sugestão para que sejam ofertadas bolsas também em escolas privadas do ensino fundamental e médio a estudantes custeadas com incentivos fiscais motivou controvérsia em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) nesta quarta-feira (23). Para o defensor da proposta, o diretor-executivo do Grupo Ibmec Educacional, professor Fernando Luís Schüler, essa seria a saída para a oferta de ensino de qualidade, em curto tempo e menores custos, alternativa que ainda permitiria economizar recursos para a qualificação da estrutura do ensino público.
- Esse é um caminho plausível e que pode gerar certo consenso na sociedade brasileira – considerou Fernando Schüler.
O professor apontou como um bom exemplo o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsa de estudo em universidades privadas para estudantes de baixa renda oriundos da rede pública. Pelas bolsas, as instituições ficam dispensadas do pagamento de diversos tributos. Como observou Schüler, lei específica já obriga instituições sem fins lucrativos, que são livres de tributos, a ofertar parte de suas vagas para estudantes carentes.
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Antonio Cesar Callegari, criticou a proposta. De acordo com ele, o que o professor sugere vem sendo chamado de “sistema de voucher”, em que recursos públicos são canalizados para criar vagas no sistema privado. Na prática, Callegari disse que esse sistema vem sendo muito mal avaliado, não representando solução para o problema do financiamento da educação nos países onde foi adotado.
- A crise mais evidente, até porque mais recente, foi a do Chile, onde o sistema nada mais fez do que aprofundar as desigualdades em termos educacionais – disse.
O representante do Ministério da Educação salientou que o maior desafio do país não é ampliar o número de vagas no ensino médio e fundamental. Conforme disse, a rede de ensino implantada já absorveu muitos investimentos, não cabendo desperdício do que já foi feito em favor da concessão de estímulo para a criação de vagas substitutas no setor privado.
Na avaliação de Callegari, o país tem condições de enfrentar o desafio da qualificação do ensino. Em resposta ao senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que perguntou se mais dinheiro resolverá o problema, ele disse que essa não é a única questão, mas defendeu a destinação de mais recursos ao setor. Salientou que o governo adotou posição prudente ao sugerir aumento dos investimentos em educação, dos atuais 5% para 7%, percentual abaixo das expectativas da sociedade sobre o que precisa ser feito na área na vigência do novo Plano Nacional de Educação, em exame no Congresso.
Callegari apontou como uma das prioridades daqui em diante investimentos em formação inicial e continuada dos professores. A despeito das reações de prefeitos e governadores, que não vêem condições para estados e municípios suportarem a despesa, o secretário defendeu um aumento ainda mais firme no valor do piso salarial do professor.
- Temos a convicção de que precisamos fazer opção pelo magistério, para que a carreira seja atraente para os melhores entre os maiores talentos – disse.

A audiência foi proposta pela senadora Ana Amélia (PP-RS), com a finalidade de debater as dificuldades que o país enfrenta para cumprir metas educacionais. Os trabalhos foram coordenados pelo vice-presidente da CE, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), que deixou a reunião se dizendo satisfeito com as informações trazidas pelos expositores em relação a seu estado, citado como um dos que cumpriram de forma adequada metas estabelecidas de inclusão escolar e alfabetização.

Impasse sobre piso
Tanto Cyro Miranda quanto Ana Amélia (PP-RS) mencionaram as dificuldades dos estados e prefeituras para pagar o piso salarial. Ana Amélia relatou que recentemente acompanhou comitiva de dirigentes municipais ao Ministério Público, para levar esclarecimentos sobre a questão, que motivou questionamento ao Supremo Tribunal Federal, corte que julgou a lei do piso constitucional.
- Que essa obrigação legal não gere impasse que leve a uma intervenção em estados e municípios que deixem de cumprir o piso – disse a senadora, cobrando maior participação do governo federal, o “primo rico” que fica com a maior parte dos impostos.
Com relação ao financiamento da educação, Inácio Arruda (PCdoB-CE) destacou os esforços de parlamentares que, como ele, estão tentando garantir a destinação de 50% dos futuros recursos do fundo público a ser formado com recursos do petróleo do pré-sal para a área. Ele também apresentou na reunião a experiência do município de Sobral, em seu estado, que passou a bonificar as escolas com melhor avaliação. Para ter direito ao benefício, no entanto, eles precisam “apadrinhar” uma escola entre as que apresentam desempenho mais fraco, para compartilhar experiência e orientar mudanças de padrão.

Desigualdades
A diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, apresentou um panorama estatístico da situação do ensino no país, avaliando o comprimento de cinco grandes metas. A respeito da universalização, por exemplo, ela destacou que a taxa de atendimento escolar da população de quatro a 17 anos avançou de 83,8% para 91,5% em dez anos, até 2010. No entanto, como em outras estatísticas, ela afirma que os dados gerais e médios escondem as grandes desigualdades regionais e por segmento de renda. No Norte, por exemplo, a taxa de atendimento ainda está em 87,8%.
As disparidades maiores seriam com respeito ao conhecimento atingido pelos estudantes. No Sudeste, por exemplo, 65,6% dos estudantes atingiram o esperado em relação à escrita, 64,6% corresponderam à meta em leitura e 55,7% também tiveram o desempenho esperado em Matemática. No Nordeste, em escrita foram apenas 30,3%; em leitura, se saíram dentro do esperado somente 42,5%; e em Matemática, no pior dos resultados, apenas 28,3% chegaram ao conhecimento desejado.
- Aqui temos um grande desafio, que e oferecer educação de qualidade para todos. No entanto, a qualidade não existe sem equidade – comentou Priscila, salientando que as diferenças de aprendizagem normalmente afetam as crianças de famílias mais pobres e prolongam no país um quadro de apartheid social.
Agência Senado

sábado, 26 de maio de 2012

Todos Pela Educação inova. E ganha

A Educação é chave para o desenvolvimento de um país: é fundamental para a formação do homem como indivíduo e como cidadão na sociedade. Neste item, os jurados votaram pensando em inovação, desenvolvimento econômico, social e práticas sustentáveis. A escolha dos jurados foi a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz. Aos 37 anos, está à frente da entidade desde 2005. Ela busca colocar o desafio de melhorar a Educação básica na agenda do dia.
Priscila é formada em administração pela FGV e em direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, da USP. Fez cursos de liderança e negociação em Harvard e iniciou sua carreira no Terceiro Setor em 2001, quando coordenou, no Brasil, o Ano Internacional do Voluntário, projeto da ONU. No ano seguinte, fundou o Instituto Faça Parte, cujo objetivo era estimular ações voluntárias em benefício da Escola. Saiu da ONG para ajudar a criação do Todos Pela Educação.
"Além de reconhecer o meu trabalho e o da equipe do Todos, aumenta nossa responsabilidade", diz ela. "O Todos é um movimento sem paralelo no País. A gente não é ONG, é movimento, produz relatórios, faz campanhas e pressiona o governo."
Para a diretora, ao estabelecer metas e bandeiras, o Todos pela Educação “deu clareza" às demandas da sociedade por uma Educação de qualidade. “A Educação é o único caminho para ter um país mais justo, para que as crianças tenham oportunidades equitativas.” Agora com o Prêmio, Priscila acredita que a responsabilidade aumentou. “Carregamos a referência de liderar a melhoria da Educação nas Escolas públicas do nosso país e isso tem que continuar”, diz.
Para ela, a receita do reconhecimento é muito trabalho e paixão no que faz. “Ninguém consquista grandes coisas sem paixão e emoção. Lá na ONG, nós comemoramos desde as pequenas conquistas até as grandes, pois isso é que alimenta o trabalho social de todos nós.”
Momento do milagre – A superintendente-executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel, se sentiu honrada com o convite para participar do júri do Prêmio Lideranças Jovens. “O maior ativo de um país são as novas gerações. São elas que vão criar uma trilha de crescimento sustentável para o Brasil”, diz. Ela acredita que estamos vivendo um momento bom no Brasil, “um milagre”, segundo ela. “Temos um crescimento econômico acompanhado da diminuição de pobreza e desigualdade, isso é uma novidade para nós e para o mundo”, comemora.
“Estamos conseguindo crescer e distribuir melhor a nossa renda, através de dois caminhos: um dos projetos sociais, como o Bolsa Família, que proporciona condições mínimas de sobrevivência através de repasse de recursos financeiros e também garante a médio e longo prazos que as crianças frequentem a Escola. Com isso, esta família terá um aumento do capital humano e poderá sair da pobreza”. O outro fator a ser comemorado, de acordo com Wanda, é o aumento do nível de Escolaridade da população. Mas este segundo fato também traz preocupação para ela.
“Por mais que o Brasil tenha crescido neste sentido, as exigências do moderno mundo da sociedade do conhecimento quer pessoas que tenham 11 anos de Escolaridade. Só assim serão absorvidas pelo mercado de trabalho”, diz. “Se não tiver Escolaridade, a pessoa vai para o limbo do subempregoou do desemprego, o que é pior. Esta pessoa deixa de se tornar um ativo do País, para ser um ônus.” Ela não fica preocupada com as capacitações necessárias para cada profissão ou área. “As necessidades do mercado de trabalho são fornecidas pelo próprio mercado – temos de pensar em Escolaridade. Um país que não tenha sua população economicamente ativa com 11 anos de Escolaridade não tem a menor condição de competir no moderno mercado de trabalho.”
A Educadora afirma que as vitórias no campo social, econômico e educacional ajudam, mas ainda há muito a ser feito. “A Educação é o grande desafio deste país. Precisamos criar uma força de dinamização para acelerarmos o processo, senão vamos desperdiçar esta grande força que é a juventude. Não podemos apenas continuar a crescer no ritmo que estamos, precisamos de mais. Temos de ganhar ritmo para que o Brasil tenha uma infraestrutura de recursos humanos adequada às demandas do seu desenvolvimento.”
Ela confessou estar preocupada com o Estado do Pará, que ainda apresenta um Índice de Educação Básica de 2,9. “No Pará, apenas 30% dos jovens estão no Ensino médio. E o estado está com ritmo econômico acelerado, com várias obras. Com isso, não há paraenses com Escolaridade suficiente para este novo mercado de trabalho. Por isso, buscam-se profissionais em outros estados e isso aumenta os conflitos sociais locais.” Wanda acredita que os resultados não devem ser pensados para gerações futuras, e sim para um prazo mais curto. “Temos de ter metas intermediárias. Se tivermos marcas atingidas durante o processo, chegaremos mais mais rápido ao resultado final e ideal.” Ela lembra que muitos pensam que as metas dos projetos sociais demoram para ser atingidas, mas, com determinação, é possível mudar isso. “Os resultados sociais não podem demorar muito, vamos lembrar que conseguimos em 12 anos, de 2000 até agora, tirar 36 milhões de pessoas da pobreza.”  

Indicados
Paulo Blikstein - Diretor do Laboratório de Tecnologia Educacional de Stanford. Aos 39 anos, o paulistano pesquisa a Escola do futuro, em particular, novas formas de ensinar conteúdos avançados de ciência, engenharia e matemática para Alunos do Ensino fundamental e médio. Para despertar o interesse das crianças, ele cria tecnologias de ponta que trazem práticas avançadas como robótica, fabricação digital e modelamento computacional para o alcance dos Alunos. Para trazer esses novos ambientes para a realidade de países como o Brasil, Blikstein usa tecnologias abertas e de baixo custo. Blikstein ganhou recentemente o Google Faculty Award e o National Science Foundation Early Career Award, considerado o mais importante prêmio do governo americano para jovens Professores. Em 2011, ele fundou o Centro Lemann para Empreendedorismo e Inovação na Educação Brasileira, que vai formar mais de cem pesquisadores e Professores brasileiros em Stanford, nos próximos dez anos, além de fazer pesquisas para transformar a Educação brasileira.

Sidarta Ribeiro - Diretor do Instituto do Cérebro da Universidade do Rio Grande do Norte. Nascido em Brasília, Sidarta é formado em biologia pela UnB. Fez mestrado em biofísica na UFRJ, doutorado em neurociências na Universidade Rockefeller, em Nova York, e pós-doutorado na Universidade Duke, na Carolina do Norte. Foi nos EUA que começou a planejar a instalação de um instituto de neurociências no Brasil, junto com vários outros neurocientistas brasileiros que atuam no exterior. O Instituto Internacional de Neurociências de Natal surgiu em 2005, fundado por Cláudio Mello, Miguel Nicolélis e Sérgio Neuesnschwander e que Sidarta dirigiu até 2008. Hoje dirige o Instituto do Cérebro da UFRN.
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)